domingo, 5 de setembro de 2010

A minha solidão

A minha solidão vem de séculos...
Vem das esposas chorando seus homens perdidos na cama.
Vem das crianças sem o leite materno.
A minha solidão não vem de hoje,
Não vem do adeus que você me deu.
Minha solidão vem na chuva, quando o sangue de cima cai...
A minha solidão é como uma febre.
E dói como cada bala que atingiu cada homem,
Queima como o choro de cada mulher abraçada a seu pobre filho.
A minha solidão é um grito que nunca sairá,
Porque minha voz vem da garganta de todo mundo,
De todo túmulo.
E minha voz foi calada.
Minha solidão é só minha porque toda a dor me foi dada.
Toda amargura me foi presenteada,
E quando olho no espelho é morte o que vejo.
Quando olho o seu desprezo por mim,
Seu ódio por mim, pergunto:
Existirá amor para mim?
Minha solidão foi o que sobrou quando você partiu.
Quando cada homem partiu,
Deixando pra trás uma pobre mulher.
Quando ganharam armas de verdade,
Quando apertaram gatilhos de verdade,
Quando atingiram pessoas de verdade...
Minha solidão vem dos pesadelos do mundo.
Minha solidão vem do cego que queria conhecer o mar.
Minha solidão vem do mudo que sonhava cantar.
Minhas solidão vem dos mortos que não puderam sonhar,
Vem do fato de querer amar...
Minha solidão não passa porque está no sangue.
E sua companhia é só um alívio,
Porque a solidão é maior que tudo.
Minha solidão é a solidão do mundo!!!

07/11/1997

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